ZINES

Zines ou Fanzines são publicações pequenas e feitas em pequena quantidade, de forma independente, por uma ou algumas pessoas que são fãs de algum tema e querem compartilhar suas ideias.

A palavra Fanzine é uma combinação de duas palavras em inglês: Fanatic + Magazine. Significa revista de fãs. Os Zines abordam temas muito variados como ficção científica, música, quadrinhos, artes, esportes, animais, ou qualquer assunto que apaixone seus autores.

Os Fanzines existem há muito tempo, desde 1930 nos Estados Unidos, divulgando histórias de ficção científica, que na época não eram muito exploradas pela mídia. Mas a produção foi mais intensa nas décadas de 1960 e 70 na Europa e ganharam ainda maior destaque com o movimento Punk. Foram muito importantes nos períodos de repressão e nas ditaduras militares que impuseram violenta censura em vários países da américa latina no século XX. Geralmente os zines não tinham o objetivo de obter lucro, mas tinham um caráter político, de protesto, com defesa da liberdade e fortes críticas à imprensa, principalmente à TV, que não valorizava os movimentos de contracultura como os movimentos Hippie e Punk.

Muitas dessas publicações eram clandestinas, feitas em fundo de quintal de forma artesanal, barata, explorando recursos simples como colagens, impressão em fotocópia e encadernação com grampos, mas valorizavam muito o aspecto artístico. Por causa disso, o estilo underground dos Zines virou moda e influenciou até mesmo as revistas mais importantes e chiques da época.

Veja alguns exemplos.

The Comet – Ray A. Palmer. London’s Burning – Greg Shawn.  Crawdaddy – Paul Williams. 
Fonte:Zine Factorzero. https://factorzeroblog.wordpress.com/2019/01/19/zine-culture/

Por volta da década de 1980 os zines foram perdendo força. Henrique Magalhães, autor do livro O que é um fanzine, aponta as dificuldades econômicas, a péssima qualidade de alguns zines, a irregularidade na periodicidade, o processo trabalhoso e muitas vezes solitário e a expectativa frustrada de muitos zineiros de ampliarem a circulação de suas publicações, e obterem lucros, como algumas das causas dessa queda na produção de zines. Apesar do desaparecimento de muitas publicações, a crise também promoveu uma reflexão muito rica envolvendo editores e leitores na busca de alternativas, gerou muitos encontros de faneditores para discussão dos problemas e algumas fusões de zines em publicações maiores.

Com o tempo, foi-se percebendo que os zines não tinham morrido, nem perdido importância, mas foram se reinventando.

As mídias digitais foram, cada vez mais, ganhando espaço, possibilitando publicações autorais em blogs e mídias sociais, facilitando o uso de ferramentas para produção de imagens e diagramação e disponibilizando quantidades imensas de materiais para uso nas publicações. Tantas possibilidades de inovação, no entanto, não garantiram maior qualidade para essas publicações amadoras. Os resultados desse entusiasmo inicial com os recursos tecnológicos nem sempre deram certo, o exagero na mistura de fontes, imagens e elementos gráficos transformaram, muitas vezes, o caráter artesanal e sujo dos Zines em composições frias, impessoais e confusas.

Muitos realmente ainda preferem os zines impressos, esse formato permite colecionar e a leitura de um texto impresso é diferente da leitura de um post em mídias digitais, instiga uma leitura mais concentrada, reflexiva.

Mas as ideias básicas da criação de zines, como produção independente, sobre um assunto apaixonante, apresentado de forma ousada e artística, com um tom militante, ou seja, buscando gerar transformações culturais e sociais, tem sido resgatada com força. Força de Zine! E hoje também encontramos zines digitais, os chamados e-Zines ou Webzines, e os zines feitos para variados suportes, com grande qualidade estética e conteúdo relevante.  Se destacam zines os de movimentos feministas, de artistas de HQs, e os desenvolvidos em ambientes educacionais. Também encontramos uma significativa produção acadêmicas sobre o tema e muitos eventos e feiras relacionados à produção de zines ocorrem anualmente no Brasil.

Veja alguns exemplos de Fanzines produzidos por estudantes do curso técnico em Comunicação Visual:

Hallex Vieira Júnior
João Vítor Fernandes
Maria Eduarda de Souza Santana
Tainá Teófilo Lima
Sabrina Martins Borges. 

Não existe um formato definido para um Zine, um tema, tamanho ou periodicidade exigida, o Zine é uma publicação experimental, absolutamente livre, como o autor quiser. Mesmo assim, existem recomendações úteis para quem quer produzir seu próprio zine, veja algumas dicas e exemplos de quem já enfrentou esse desafio.

– Escolha um tema que lhe apaixone;

– Expresse suas ideias e misture inspirações, opiniões e devaneios que lhe interessem;

– Seja ousado e criativo na diagramação, e para isso experimente bastante;

– Defina claramente o estilo que deve permear todas as páginas da publicação, escolha uma paleta de cores e um conjunto de fontes;

– Explore recursos variados como recortes, fotos, desenhos, quadrinhos, poesias, notícias, printscreens, etc.

– Integre imagens e textos;

– Escolha um título que transmita a ideia principal do zine com criatividade;

– Pense em uma capa que desperte a curiosidade do leitor;

– Veja muitos zines e participe de discussões com outros zineiros.

Janaína

Leonardo Schimitt
Ítalo Carvalho
Maria Elisa Farias
Nathan Lúcio Martins

REFERÊNCIAS

AMARAL, Yuri. Fanzines: Reflexões sobre Culturas, memória e internet. Foz do Iguaçu/PR: Edunila – Editora de Universidade Federal da Integração Latino-Americana, 2018. https://dspace.unila.edu.br/handle/123456789/3587;jsessionid=05C97709EDA46AE9A5642818C2EC3259

 

 MAGALHÃES, Henrique. O que é fanzine. Coleção Primeiros Passos, 283. São Paulo: Brasiliense, 1993.

 

A estranhamente. O que é um zine e porque você deve ficar de olho nele? https://aestranhamente.com/o-que-e-um-zine-e-porque-voce-deve-ficar-de-olho/

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