Produção de objetos de aprendizagem bilíngues

Na educação bilíngue os estudantes surdos devem ter a oportunidade de estudar em sua primeira língua, a Libras, e também fazer uso do português escrito.

Contudo, geralmente as aulas são ministradas em português, com tradução simultânea para Libras. Os surdos encontram grandes dificuldades para revisarem os conteúdos e estudarem em sua língua, porque a carência de bibliografia em Libras e de materiais didáticos acessíveis é muito grande.

Algumas ações têm buscado minimizar esse problema e, paralelamente ao desenvolvimento de objetos de aprendizagem acessíveis, encontramos estudos e reflexões sobre como fazer e o que é necessário para que esses materiais sejam adequados para o público surdo.

O livro Design instrucional na prática, de Andrea Filatro, é muito utilizado para organizar a produção de materiais didáticos.

A autora detalha o conjunto de atividades desenvolvidas ao identificar um problema de aprendizagem: desenhar, implementar e avaliar uma solução. A metodologia proposta por ela é chamada de ADDIE e inclui as etapas de: Análise, Design, Desenvolvimento, Implementação e Avaliação.

No caso de materiais bilíngues, o professor Bruno Velloso considera ainda que a relação entre as mídias e o público surdo é diferente da existente em outros grupos de usuários. É necessário que a equipe de produção seja capaz de avaliar e construir alternativas midiáticas e tecnológicas adequadas. Para isso, sugere que o grupo conte com designers, programadores e produtores da área de audiovisual, também com professores de Libras, profissionais da área de tradução e interpretação e com surdos acompanhando o trabalho ao longo de todo o processo.

ETAPAS

Veja um exemplo de como essas etapas foram desenvolvidas na produção de um material didático sobre matemática:

Análise

A partir do conteúdo preparado pelo professor, o grupo de profissionais da área de cinema e pedagogia constrói um roteiro base utilizando os fundamentos do Design instrucional. Depois disso, é elaborado um roteiro técnico. O conteúdo é trabalhado, sendo feita uma adaptação cultural e linguística.

Planejamento

É desenvolvido, então, o projeto de design, o qual envolve o planejamento da tecnologia que será empregada, estrutura de navegação, além da definição dos recursos que serão utilizados, como animações, ilustrações, filmagens, etc.

Desenvolvimento

Todo o projeto é desenvolvido com foco nos usuários e envolve avaliações ao longo de todo o processo.

Inicialmente, é feita uma gravação de teste. Todo o conteúdo é gravado linearmente, sem preocupações estéticas, com foco na comunicação da língua de sinais.

Depois, é feita uma avaliação linguística e cultural. O material gravado é levado à avaliação do público surdo. Toda a avaliação é gravada para não se perder.

Os ajustes indicados pelos professores surdos são avaliados, o roteiro é ajustado e é dado início à gravação dos vídeos em Libras.

As equipes de audiovisual, programação e animação desenvolvem o material planejado. Editores, intérpretes, designers e consultores surdos trabalham sempre em equipe melhorando e ajustando cada parte do material.

Implementação

O material final é legendado e publicado de forma oculta. O link é direcionado a todos da equipe para uma avaliação final.

Para que a produção de materiais didáticos possa de fato contribuir com a educação bilíngue é importante levar em consideração as especificidades do público surdo, desenvolvendo materiais culturalmente adequados e que respeitem as diferenças linguísticas.

A maior dificuldade na produção de qualquer material bilíngue Libras/Português é a falta de referência, é um novo tipo de processo muito pouco explorado, as referências ainda são muito recentes e incipientes.

Toda a nossa experiência em produção videográfica, não individualmente falando, mas socialmente, é voltada para o indivíduo ouvinte, nas faculdades, escolas de cinema e afins, toda a estrutura de análise e produção não leva em consideração a cultura surda, todo produtor audiovisual que se aventure na produção bilíngue Libras/Português está em um enorme deserto, ainda que fértil, nosso campus PHB é uma pequena ilha em meio a esse oceano cultural.

Diego Urrutia

Realmente, esse trabalho nem sempre é fácil. Veja alguns exemplos de objetos de aprendizagem, desenvolvidos no curso de Tecnologias em Produção Multimídia e observe as dicas que os produtores nos deram:

Geologia em casa: Filiphi . filliphecabelo@gmail.com
Geologia na Cidade: Alana Andrade – alanagandrade@gmail.com
Geologia no Campo: Flávia Anderson – flavia78and@gmail.com

O que recomendo para as futuras turmas é que o planejamento é a parte essencial no projeto. Somente com ele você consegue prever o tempo que irá destinar a cada etapa, assim não sobrecarregando de tarefas no final do projeto.

Flávia Anderson

As medidas de Jaime Boy. Tharon Merizio –  tharonmerizio@hotmail.com

Uma coisa que a professora falou no primeiro dia de aula, sejam criativos e tenham ideias malucas. Não se preocupem com a programação em si, mas sim com o resultado final que vai proporcionar.

Tharon Merizio

Kepler’s Journey. Fernanda Flores – feerfloress@gmail.com

A narrativa é nossa principal função, independente da mídia ou plataforma, somos contadores de história, toda obra deve se comunicar com o público, emissor e receptor, mesmo que não explícito ou diretamente, a função é criar lapsos no tempo, tornar a experiência emocionalmente marcante para o espectador, para que aquele momento se torne uma memória e nossa narrativa passe a fazer parte da história do espectador.

Hoje temos infindáveis exemplos de narrativas multimídias, a tecnologia nos possibilita como antes nunca foi possível, um universo de possibilidades, mas de nada serve isso se a história não for bem contada, então eu diria que acima de tudo conte uma boa história.

Diego Urrutiao

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